Estúdio
F
Á
U D I O T E X T O
Música-tema
entra e fica em BG;
Locutor
- A Rádio Nacional apresenta
ESTUDIO
F,
Momentos
Musicais da Funarte
Apresentação
de ----- (1’25”)
Apresentador: Eles
entraram para o Guiness
book (guínes
buque)
como o grupo mais antigo em atividade do mundo. O segredo: abusam do
bom humor, fazendo samba da melhor qualidade. Impossível resistir ao
“Quais, quais,quais”, não cair no “Samba do Arnesto”, ou
sorrir cantarolando “Time perna de pau!”
Assim,
“se o sinhô num ta lembrado, dá licença deu contar” a história
de como, nossos homenageados do Estúdio F de hoje, os “Demônios
da Garoa” chegaram ao estrelato. (30”)
Entra
“Apaga o fogo, Mané” e fica até o final. (2’50”)
http://www.vagalume.com.br/demonios-da-garoa/apaga-o-fogo-mane.html
Apresentador: Essa
foi “Apaga o fogo, Mané”, interpretada pelos “Demônios da
garoa”, em parceria com Leci Brandão.
A
história dos “Demônios da garoa” começou como brincadeira de
criança, nos anos quarenta, com um grupo de adolescentes de 12 a 14
anos que se reunia à noite, na Mooca, subúrbio de São Paulo, para
fazer barulho.
Por isso,
o primeiro nome do conjunto foi “Grupo Luar”. A inspiração
vinha das batucadas das músicas que ouviam, simples e bem humoradas.
Nessa lista constavam “Quatro
Ases e Um Coringa”, “Anjos do Inferno”, “Quitandinha”,
“Vocalistas Tropicais”.
Para entrar no clima dessa história , o Estúdio F toca agora "Xô!
Xô! Um baião transformado em samba de Antônio Almeida e Ciro de
Souza, que foi gravado pela Continental em 1941, quando ainda era
Gravadora Colúmbia e interpretada pelos
“Anjos do Inferno”. (33”)
Entra
“XÔ! XÔ!” como bg, sobe e fica até o final. (1’45”)
Cortar
em 1’45”
Apresentador:
A história dos meninos da Mooca, que viriam a se tornar os “Demônios
da garoa”, começou a mudar de verdade, quando, depois de muito
tocar para os amigos, resolveram se inscrever no programa
de calouros da Rádio Bandeirantes, chamado “A Hora da Bomba”,
apresentado por J. Antônio D'Avila. Com a canção
“Quem Se Aluga, São Miguel”, tiraram o primeiro lugar e
assinaram um contrato para três apresentações semanais. O
radialista
Vicente Leporace sugeriu aos meninos que trocassem o nome do
conjunto. Ele achava que a palavra “Grupo” lembrava o
jogo-de-bicho e os seis concordaram. Os
rapazes eram de uma alegria, uma molecagem tão grande, que os
radialistas diziam que eles eram endiabrados, encapetados mesmo! E
não é que fizeram um concurso e um ouvinte de rádio sugeriu como
nome “Demônios da Garoa”! Assim, um ano depois de se organizarem
como grupo, Arnaldo
Rosa, nos vocais; os irmãos Antônio e Benedito Espanha, no tantã e
no afoxé; Waldemar Pezuol, no violão; Zezinho, no violão tenor e
Bruno Michelucci, no pandeiro ganharam nova identidade. Eram “Os
Demônios da Garoa”. Na sequência, o quinteto, acompanhado pelo
som da sanfona de Mário Zan em “Sanfoneiro
folgado”, canção gravada em 1949. (1’15”)
Entra
“Sanfoneiro
folgado”
e fica até o final. (3’04”)
Apresentador:
Em 1947,
os “Demônios da Garoa” se apresentaram para o diretor artístico
da Record e foram contratados imediatamente, assinando um contrato
que durou 12 anos. Caíram na boca do povo, muito antes de rodarem
pelas agulhas das vitrolas. Por sete anos eles se apresentaram nos
veículos de comunicação e fizeram shows, sem gravar um só disco.
Quando resolveram entrar em um estúdio, em 1950, não pararam mais.
Naquele ano foram dois discos pela Elite Musical, no ano seguinte
foram cinco e com o passar do tempo tornaram-se um dos grupos que
mais lançaram álbuns no Brasil. Ao completarem setenta anos, já
tinham 69
compactos simples, 6 compactos duplos, 34 LPs e
13 CDs.
No disco “Raízes do samba”, eles convidam: “Vem cantar
comigo!” (45”)
Entra
“Vem cantar comigo” e fica até o final. (1’24”)
Cortar
começo em 2’17” , fica até o fim que é em 3’41”
Apresentador:
Ao mesmo tempo em que cumpriam a rotina das rádios, os “Demônios
da garoa” foram convidados a estrear na telona. Fizeram um arranjo
para a música "Mulhé Rendeira” com a participação de
Homero Marques, para a trilha sonora de "O Cangaceiro", de
Lima Barreto, que foi um sucesso. O filme foi considerado o “Melhor
Filme de Aventura do Festival de Cannes”, em 1953, com menção
especial do júri pela trilha sonora.
Vamos ouvir agora a versão de “Demônios da Garoa” de “Mulhé
rendeira”, música do xaxado brasileiro, que teria sido escrita
pelo próprio Lampião, em homenagem a sua avó. (35”)
Entra
“Mulher rendeira” e fica até o final. (3’07”)
Apresentador: No
próximo bloco, os “Demônios da Garoa” acertam o “Tiro ao
Álvaro” na parceria com Adoniran Barbosa e colocam o Brasil para
cantar a “Saudosa Maloca”. (10”)
Locutor: Estamos
apresentando Estúdio F,
Momentos
Musicais da Funarte. (3”)
(TOTAL
DO BLOCO 18”)
I
N T E R V A L O
- Insert Chamada Funarte
- Locutor: Voltamos com Estúdio F
Apresentador:
A
parceria com Adoniran
Barbosa marcou a
trajetória dos “Demônios da Garoa”. Em entrevista à TV
Cultura, um dos fundadores do grupo, Arnaldo Rosa, explicou como tudo
começou. Um dia escutaram “Saudosa Maloca” que Adoniram havia
gravado sozinho. Gostaram da música, do samba e criaram o jeito
gaiato de interpretar o personagem. Imitavam os engraxates que
ficavam na rua Venceslau Braz, no bairro da Sé, em São Paulo, que
cantarolavam batendo nas latas. O diretor da rádio Nacional, Costa
Lima, passou por ali e ouviu os “Demônios” cantando. Mandou que
ensaiassem, pois no que dependesse dele, aquele seria o sucesso do
ano. E foi. (35”)
Entra
“Saudosa Maloca” e fica até o final. (2’48”)
Apresentador:
Foi no carnaval que os “Demônios da Garoa” surpreenderam o país.
Com a música “Malvina”, venceram o ‘Concurso de Músicas do
Carnaval Paulista’ de 1951. No ano seguinte, com a gravação de
“Joga Chave” - também de Adoniran Barbosa - repetiram o sucesso
e o título. Botaram banca, quem diria, até no Rio de Janeiro: logo
nas comemorações do
quarto centenário
da fundação da cidade, os “Demônios da garoa” venceram o
concurso de músicas carnavalescas com “Trem das onze”, mostrando
que de São Paulo também sai samba de qualidade. Essa música acabou
se tornando uma espécie de hino informal de São Paulo e o maior
sucesso tanto do grupo quanto de Adoniran. Depois
de ter sido lançada pelos “Demônios da garoa”, “Trem das
onze” foi regravada por dezenas de artistas. A versão do quinteto
já está no ar, no Estúdio F!
(50”)
Entra
“Trem das onze” como bg, sobe e fica até o final (2’35”).
Cortar
nesse tempo
Apresentador:
A interpretação dos “Demônios da Garoa” colocava,
propositadamente, erros gramaticais na letra, com intenção de
reforçar o lado cômico do acontecimento. Muitas vezes a canção
falava de um incêndio, de uma morte, mas dita daquele jeito meio
atrapalhado, continuava a fazer rir. Esta modificação, inicialmente
aborreceu Adoniran Barbosa, mas conquistou definitivamente o povo,
fazendo com que o compositor se rendesse e se tornasse, ele mesmo, fã
daquele jeito de fazer música. A gente ouve agora, “Tiro ao
Álvaro”, lançado
no lp "Demônios
da Garoa",
pela Odeon, em 1958. (40”)
Entra
“Tiro ao Álvaro” e fica até o final. (1’26”)
Apresentador:
A carreira sólida dos “Demônios da garoa” foi reconhecida pela
população de São Paulo. Numa pesquisa interativa durante as
comemorações dos 450 anos da cidade, o grupo ficou em primeiro
lugar quando perguntado ‘que personalidade mais tinha a cara do
município’. A prefeitura paulista prestou sua homenagem ao
conjunto instituindo, a partir de 1994, a Semana “Demônios da
Garoa”. Assim, anualmente, na terceira semana de setembro, vários
nomes de nossa Música Popular Brasileira prestam sua homenagem ao
conjunto.
Nesse
mesmo ano, o grupo gravou
um CD comemorativo pelos 50 anos de carreira, pela Warner e
Continental, que recebeu o Prêmio Sharp de Música. Na sequência,
“São Paulo, menino grande”, escrita por Geraldo Filme e lançada
pelos “Demônios da Garoa”, no LP "Leva este", da
Chantecler (Chanteclér).(1’)
Entra
“São Paulo, menino grande” e fica até o final. (2’39”)
Apresentador:
A década de 80 trouxe muitas mudanças para os “Demônios da
garoa”. Em 1982, perderam o grande parceiro, compositor Adoniran
Barbosa, com 72 anos de idade. Alguns componentes saíram, outros
entraram. Aos
setenta anos, fazem parte dos “Demônios da garoa”: Izael
Caldeira, na timba; Dedé Paraizo, no violão de sete cordas;
Canhotinho, no cavaquinho; Sérgio Rosa, no pandeiro e afoxé e
Ricardinho Rosa, na percussão, esse últimos, filho e neto de um dos
fundadores do grupo, Arnaldo Rosa:
a terceira geração de “Demônios”.
O grupo
encara o tema ‘adeus’ com muito bom humor, cantando um amor que
vai embora em “Não emplaca 61”, de Ary Monteiro e Monsueto
Meneses, que dá o ‘ar da graça’ agora no Estúdio F.
(50’)
Entra
“Não
emplaca 61” e fica até o final. (2’58”)
http://www.youtube.com/watch?v=CR--4UuC05s&list=PL9489F8459BEEC0CD&index=41
Apresentador:
No próximo bloco, os “Demônios da garoa” driblam a censura e
até passam de sambistas a enredo de Escola de Samba. (10”)
Locutor: Estamos
apresentando Estúdio F,
Momentos
Musicais da Funarte. (3”)
(TOTAL
DO BLOCO 17”)
I
N T E R V A L O
- Insert Chamada Funarte
Locutor:
Voltamos
com Estúdio F
Apresentador:
Apesar de
algumas das canções terem 60, 70 anos, o repertório dos “Demônios
da garoa” continua muito atual, porque trata das mesmas
desigualdades sociais e dos problemas de grandes metrópoles, como
deficiência de transporte coletivo, mortalidade infantil e habitação
precária. Em
“A Lei no Morro”, de Jorge Duarte e Sérgio Moraes, gravada em
1958, a ordem nas comunidades era ver e calar...
(27”)
Entra
“A Lei no morro” e fica até o final.(2’33”)
http://www.youtube.com/watch?v=PhbJ7fu3-ic
Apresentador: Com
a fama de ser um grupo que levava tudo na gaita, na brincadeira, os
“Demônios da Garoa” conseguiram driblar os censores da ditadura
brasileira. Quando Adoniran Barbosa gravou “Samba do Arnesto”, em
seu primeiro LP, foi vetado pela censura, com a justificativa de que
havia excessos de erros de português, que estava deseducando a
população. Mas a gravação da mesma música pelos “Demônios da
garoa” foi liberada. Inclusive, o lp “Trem das onze”, da
Chantecler, é um dos poucos lps brasileiros que adentrou a era do CD
sem nunca ter saído do catálogo.
O Estúdio F convida você para curtir o “Samba do Arnesto” que
já vai começar”. (38”)
Entra
“Samba do Arnesto” e fica até o final. (3’05”)
http://www.youtube.com/watch?v=lxrisjSRzaI
Apresentador:
Além
de estarem
no
livro dos recordes, o Guiness Book (Guínes
Buque),
por antiguidade, os “Demônios da garoa” também foram
reconhecidos pela qualidade do samba que fazem. Em 2000, o crítico
Ricardo Cravo Albin incluiu a gravação deles de "Saudosa
maloca" na coletânea "As 100 músicas
do século XX (vinte)".
Em seguida, "Trem
das onze" que foi a música mais premiada do grupo, foi
selecionada para integrar a coletânea "Os pioneiros, os
consolidadores e os herdeiros". Dois
projetos com o acervo da EMI-Odeon. Como resultado do
reconhecimento popular, a
canção “Seu querer” recebeu o
disco de ouro pela gravadora
Warner.(Uórner)Vamos
ouvir. (39”)
Entra
“Seu Querer” e fica até o final. (2’07”)
Apresentador:
Eles já começaram a carreira como um grupo que caiu boca do povo
pelos grandes meios de comunicação e, ao longo da sua história, os
“Demônios da garoa” fizeram parte da trilha sonora de vários
folhetins de televisão. Sua música ajudou a dar ares populares e
cômicos a personagens como Ari, da novela Ti ti ti, da Rede Globo,
interpretado por Luiz Gustavo, em 1985, e depois por Murilo Benício,
em 2010: um sujeito que encara viver a farsa de ser um estilista
espanhol, usando os modelos desenhados por uma moradora de rua para
viver no luxuoso mundo da moda. A música escrita por Michael
Sullivan e Paulo Massadas, ganhou como introdução os “quais,
quais, quais”, marca registrada dos “Demônios da garoa”, que,
inconfundíveis, criaram um estilo para o samba paulista.
Na
passarela, a canção tema do estilista Ari : “A vida é dura”,
interpretada pelos “Demônios da garoa” e Benito di Paula. (1’)
Entra
“A vida é dura” e fica até o final. (3’06”)
Apresentador:
Outra homenagem que os “Demônios da garoa” receberam foi da
escola de samba ‘Rosas de Ouro’. Os ‘Demônios’, que
mostraram ao Brasil que não só no Rio de Janeiro se fazia bom
carnaval, viraram samba enredo. Nei Melodia, Ademir, Ney do cavaco,
Xavier e Carlão Mineiro usaram frases das músicas dos “Demônios
da garoa” que ficaram imortalizadas - como “Olha nóis aqui
travêz”, “Nóis vai, nóis vem” e os “quais, quais, quais”
- na composição, levando para a avenida, toda alegria e molecagem
do grupo.
Choram cavaquinho e violão,
encerrando essa homenagem do Estúdio F aos “Demônios da Garoa”,
com o samba enredo de 1998 da Rosas de Ouro: “Samba da Garoa”.
(40”)
Entra
“Samba na Garoa” e fica até o final. (2’38”)
http://palcomp3.com/rosasdeouro/rosas-de-ouro-1998/
cortar
em 2’38”
Entra
música tema do Estúdio F e fica em BG com a narrativa abaixo
grifada. (57”)
Apresentador:
O programa de hoje foi roteirizado pela pesquisadora e jornalista
Aline Veroneze com supervisão de Pedro Paulo Malta. O Estúdio F é
apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas
Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC –
Empresa Brasil de Comunicação. Os programas da série também são
uma das atrações do Portal das Artes. O endereço é
www.funarte.gov.br. Cultura ao alcance de um clique! Você também
pode ouvir o programa pelo site da EBC: www.ebc.com.br. Quem quiser
pode escrever para nós, o endereço é: estudiof@ebc.com.br
Apresentador: Valeu,
pessoal! Até a próxima!!!
OBS:
O terceiro bloco tem um total de (18')
Total
aproximado (53')
CHAMADA:
Apresentador
:Eles
entraram para o Livro dos Recordes como grupo mais antigo em
atividade. Mostraram ao Brasil que São Paulo também tem carnaval e
fazem o maior sucesso com seu português atravessado. Os Demônios da
garoa são os homenageados do
Estúdio F
na segunda-feira,
às 21 horas, aqui na Rádio Nacional.
(20”)