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sábado, 18 de julho de 2015

Biografias musicais para a Rádio Nacional/Funarte - Ernersto Nazareh


Estúdio F
Ernesto Nazareth



Bloco 1

Á U D I O T E X T O

Música-tema entra e fica em BG;

Locutor - A Rádio Nacional apresenta
ESTUDIO F,
Momentos Musicais da Funarte

Apresentação de ----- (1’25”)

Paulo Cesar: Pianista talentoso, de repercussão internacional, viveu na fronteira entre o popular e o clássico. Há quem o conside pai da música popular brasileira ou mesmo o pai do choro. É referência quando o assunto é o tango brasileiro. Nosso homenageado compôs mais de 200 músicas e teve uma história de vida tão intensa quanto os tangos, polcas e valsas que compôs. (20”)
Entra “Você bem sabe”, fica até 25”, cai como Bg do trecho grifado.
Começa em 06”
Paulo Cesar: Ernesto Nazareth é o nosso homenageado deste Estúdio F.
Sobe “Você bem sabe” e termina como Bg no trecho abaixo. 2’56”
Paulo Cesar: Ouvimos a polca lundu “Você bem sabe”, a primeira composição de Ernesto Nazareth, nessa versão, executada pela pianista Cleida Lourenço.
Fim do século dezenove, início do século vinte. Tempo em que não existia rádio, os discos eram poucos, as gravadoras raríssimas e o cinema, mudo. Foi nesse cenário que Ernesto Nazareth conseguiu a façanha de, ao mesmo tempo, cair no gosto popular e conquistar o público erudito. Como a maioria dos compositores, viveu da venda das partituras nas casas de música, das apresentações e das aulas particulares de piano que dava a jovens – e felizardos – aprendizes.
O título “Você bem sabe” foi um recado de Ernesto Nazareth para o pai, aos quatorze anos, para que soubesse que era da arte que o rapaz tinha escolhido viver. No ano seguinte, a canção foi editada, pela famosa Casa Arthur Napoleão.
A paixão pelo piano começou por incentivo da mãe, que morreu precocemente, quando Ernesto Nazareth tinha dez anos de idade. Dali para frente, o menino teve aulas com Charles Lambert (Lambér), um famoso professor vindo de Nova Orleans, nos Estados Unidos, a quem os estudiosos atribuem a influência black (bléck) nas composições de Ernesto Nazareth. As partituras deste carioca são tidas como as primeiras aparições do jazz na música erudita brasileira.
Aos 17 anos, após compor a polca “Cruz, perigo!”, Ernesto Nazareth fez sua primeira apresentação pública, mas foi com outra polca, escrita em 1881, que ele acabou conquistando o sucesso. A canção “Não Caio N’outra” teve diversas reedições e foi escrita em resposta a uma polca de Viriato Figueira da Silva chamada “Caiu! Não Disse?”. Vamos ouvir. (1’30")
Entra “Não caio n’outra” e fica até o final. 2'37"
Paulo Cesar: Essa foi “Não caio n’outra”, em gravação de 1958, por Darci Barbosa e Banda.
Naquele tempo, o maxixe, era um ritmo mal visto pelo público mais conservador, que também era quem podia pagar pelas apresentações e pelas partituras. Eram canções que animavam os forrobodós. Músicas de dança, algumas até proibidas nas salas das moças de família. Para agradar a esse público, algumas composições recebem uma nova roupagem, com o nome de tango brasileiro. Esse tango foi criado a partir da música cubana, com harmonia um pouco mais complexa, mas principalmente para esconder a relação com o maxixe das festas populares. Ernesto Nazareth sabia que pra fazer sucesso e sobreviver da música não seria prático ser identificado como popular, por isso buscava ligação com os clássicos, eruditos. Assim, o pianista viveu nesta fronteira, inspirando-se em Chopin (Chopén) numas partituras e fazendo tanguinhos dançantes em outras. Essa foi a razão de ter usado um pseudônimo de Renaud (Renô) para assinar o famoso maxixe “Dengoso”. Na sequencia, vamos ouvir esse maxixe executado pela Orquestra Sinfônica de Recife. (1’)
Entra “Dengoso e fica até o final. 2'17"

Paulo Cesar: Em 1893, a Casa Vieira Machado lançou o primeiro ‘tango brasileiro’ de autoria de Ernesto Nazareth: "Brejeiro". A música foi vendida por cinquenta mil-réis, o que em 2014 seria o equivalente a quinhentos reais. “Brejeiro” consagrou Ernesto Nazareth como o grande nome do tango no Brasil e no mundo, sendo publicada tanto em Paris quanto nos Estados Unidos. Está no ar a interpretação de Francisco Mignone. (30”)

Entra “Brejeiro” como bg, sobe e fica até o final. 3'19"
https://www.youtube.com/watch?v=aKJW0QssSrc

Paulo Cesar: No próximo bloco, o grande sucesso no Odeon e com o Odeon: o tango em homenagem ao cinema carioca que dá ainda mais destaque a Ernesto Nazareth. (10”)
Locutor: Estamos apresentando Estúdio F,
Momentos Musicais da Funarte. (3”)
(TOTAL DO BLOCO 17’)
I N T E R V A L O
  1. Insert Chamada Funarte
Á U D I O T E X T O
Música-tema entra e fica em BG;

Locutor: Continuamos com Estúdio F
Bloco começa direto com "Flauta, cavaquinho e violão” (https://www.youtube.com/watch?v=yMVJTL9TmWo), que fica em primeiro plano até 01:16, quando cai em BG durante o seguinte texto:
Paulo Cesar: O samba-choro “Flauta, cavaquinho e violão”, esse que estamos ouvindo na voz de Aracy de Almeida, foi uma das muitas homenagens feitas a Ernesto Nazareth por grandes nomes da música brasileira. Com música de Custódio Mesquita e letra de Orestes Barbosa, a composição confirmava a importância de Nazareth para toda uma geração de compositores brasileiros. Como Heitor Villa-Lobos, que em 1920 dedicou a Ernesto Nazareth a peça "Choros nº 1", feita para violão. Em 1922, o mestre do tango brasileiro retribui a gentileza com a dedicatória a Villa-Lobos na música “Improviso”. No ar, “Choros nº 1”, executado pelo violonista Turibio Santos. (35”)

Entra “Choros n. 1” entra como bg, sobe e fica até o final. 3'16"

Paulo Cesar: Durante cinco anos, Ernesto Nazareth trabalhou na sala de espera do Odeon, um dos principais cinemas do Centro do Rio de Janeiro. Por lá, conquistou personalidades ilustres, que passaram a freqüentar o prédio não para ver filmes, mas para assistir a Ernesto Nazareth e seu piano. Assim, conheceu compositores e autoridades que lhe renderam outros trabalhos de prestígio. Um retorno que o inspirou em sua composição de maior sucesso, feita em 1910: o choro “Odeon”, que 50 anos mais tarde receberia letra de Vinícius de Moraes. Gravada por Nara Leão, integrou a trilha sonora da novela “A Sucessora”, exibida pela Rede Globo entre 1978 e 79. A seguir: a obra prima de Ernesto Nazareth na voz de Nara Leão. (45”)
Entra “Odeon” e fica até o final. 2'45"
Paulo Cesar: Ao se inspirar em Chopin (Chopén) e dar ares europeus à música dançante brasileira, Ernesto Nazareth conquistou o respeito e a admiração do público e dos colegas artistas, mas um grupo ainda não o considerava digno das salas de concerto que recebiam celebridades européias da música clássica. O modismo europeu tomava conta do Rio de Janeiro, de modo que Ernesto Nazareth e tudo mais considerado mestiçagem” – deixaram de ser bem vindos para uma suposta elite cultural. Era a Belle Époque, o sonho com a vida parisiense e a negação dos elementos de cultura popular. A participação dele no concerto que, em 1908, celebraria o “Centenário da Abertura dos Portos Brasileiros por Dom João Sexto, virou um grande escândalo. Depois, em 1922, quando Nazareth foi convidado pelo compositor Luciano Gallet (Galé) a participar de um recital no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, foi preciso força policial para que o evento ocorresse. Estamos ouvindo uma das canções executadas nesse recital: “Bambino”, gravada por Arthur Moreira Lima, em 1975. (45”)
Entra “Bambino” como bg no trecho grifado, sobe e fica até o final. (3’21”)
Paulo Cesar: Aos 63 anos, Ernesto Nazareth saiu pela primeira vez do estado do Rio de Janeiro. Seguiu para uma excursão em São Paulo. Inicialmente a turnê estava prevista para durar 3 meses, mas acabou se prolongando por quase um ano, deixando a capital do estado e passando também pelas cidades de Campinas, Sorocaba e Tatuí. Diferentemente do que tinha acontecido no Rio, onde Nazareth penou com a resistência nas salas tradicionais, em São Paulo ele foi homenageado por Mário de Andrade, convidado a se apresentar no Conservatório Dramático e Musical de Campinas e no Teatro Municipal. Assim que voltou ao Rio de Janeiro, fez sua única gravação lançada em disco. A seguir, Escovado, executado pelo próprio Nazareth, em 1930. (42”)
Entra “Escovado” e fica até o final. (2’25”)

Paulo Cesar: No próximo bloco, surdez, sífilis e loucura derrubam o gênio do tango brasileiro. (10”)
Locutor: Estamos apresentando Estúdio F,
Momentos Musicais da Funarte. (3”)

(TOTAL DO BLOCO 17’)

I N T E R V A L O

  1. Insert Chamada Funarte
Á U D I O T E X T O
Música-tema entra e fica em BG;

Locutor: Continuamos com Estúdio F
Entra “Nenê” e fica até 2’50, cai e vira bg no trecho grifado, até o final. (3’)
É a primeira música
Paulo Cesar: Essa foi a música “Nenê”, tango executado pelo próprio Ernesto Nazareth em setembro de 1930.
Sem formação clássica, o gênio do nosso tango era chamado por uma suposta elite cultural da sua época como pianeiro, termo pejorativo que indicava alguém sem educação formal para o piano, o que muito magoava Nazareth. Mas o tempo mostrou todo o valor do artista. Ele tornou-se o ídolo de grandes músicos de diferentes lugares do mundo, principalmente brasileiros. Foi o caso de Radamés Gnattali (Nhátali), que se encantou ao ver Nazareth tocando no Cine Odeon e depois gravou algumas de suas composições. Jacob do Bandolim também estudou incansavelmente os manuscritos de Nazareth. Na sequencia, a composição de Ernesto Nazareth, “Ameno Resedá”, uma homenagem ao mais popular rancho carnavalesco carioca, interpretada por Jacob do Bandolim e o conjunto Época de Ouro, no álbum “Chorinho e chorões”, de 1961. (50”)

Entra “Ameno Resedá” e fica até o final. 2'15"
Paulo Cesar: Ernesto Nazareth deixou mais de duzentas peças completas para piano. Não só de tangos foi a sua produção: escreveu 20 polcas, mais de 40 valsas, além de 90 tangos e outras músicas de gêneros variados. A valsa ''Coração que sente'' foi dedicada por ele a uma aluna de nome Gabriella Cruz. Nazareth contou pra ela o sofrimento dos últimos dias de vida de um sobrinho e a menina desabou em prantos, ouvindo em seguida do professor: Gabriella, você é muito sensível, um coração que sente.” Na semana seguinte, presenteou a aluna com o manuscrito da valsa que ouvimos agora, na apresentação de Maria Teresa Madeira. (30”)
Paulo Cesar: Ernesto Nazareth tinha dez anos de idade quando caiu de uma árvore e bateu a cabeça com força, começando a perder a audição. O problema foi se agravando e, com o tempo, ele passou a ter que tocar curvado sobre o piano, para conseguir escutar a própria música. Até que, no final dos anos 20, estava completamente surdo. Esse momento de tanta dor virou um dos mais alegres tangos do compositor, que Arhur Moreira Lima toca agora no Estúdio F: "Apanhei-te, cavaquinho!" (30”)
Entra "Apanhei-te, cavaquinho" e fica até o final. (2'05")


Paulo Cesar: Se a surdez não impediu Ernesto Nazareth de compor, outra doença terminou com a carreira do pianista. Em 1932, ele recebeu a notícia de que era portador de sífilis e a doença rapidamente atingiu seu sistema nervoso central, causando delírios. A primeira tentativa da família foi o tratamento no Hospício Dom Pedro Segundo, na Praia Vermelha, mas o músico fugiu algumas vezes de lá. Então, um ano depois, Nazareth foi internado na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Na data em que seu filho morreu, se embrenhou pela mata, durante um delírio, provavelmente em busca do filho morto. O corpo do pianista, nascido em 20 de março de 1863, foi encontrado no dia 4 de fevereiro de 1933, boiando em uma represa. Ao longo de setenta anos, Ernesto Nazareth travou várias lutas: a falta de dinheiro, como Mozart, a Sífilis como Schubert, a surdez como Beethoven e a loucura como Schumann. Esteve sempre entre os melhores, deixando um legado que elevou o tango brasileiro perante músicos de todo o mundo. Para finalizar a homenagem do Estúdio F, Odeon, executado pelo pianista alemão Bernd Lhotzky (Bérn Lótski). (1’20”)
Entra "Odeon" e fica até o final. (3'04")

Entra música tema do Estúdio F e fica em BG com a narrativa abaixo grifada. (57”)
Paulo Cesar: O programa de hoje foi roteirizado pela pesquisadora e jornalista Aline Veroneze com supervisão de Pedro Paulo Malta. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC – Empresa Brasil de Comunicação. Os programas da série também são uma das atrações do Portal das Artes. O endereço é www.funarte.gov.br. Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da EBC: www.ebc.com.br. Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: estudiof@ebc.com.br


Apresentador: Valeu, pessoal! Até a próxima!!!
OBS: O terceiro bloco tem um total de (19')
Total aproximado (53')
CHAMADA:

Apresentador: Ele projetou o tango brasileiro a nível internacional. Inspirado em Chopin (Chopén) e dedicado a tocar como os eruditos, criou um estilo que acabou por também torná-lo popular. Sua vida foi tão intensa quanto seus tangos. A história de Ernesto Nazareth é o tema do próximo Estúdio F na segunda-feira, às 21 horas, aqui na Rádio Nacional. (20”)

Biografias musicais para a Rádio Nacional/Funarte - Rafael Rabello


Estúdio F
Raphael Rabello
Bloco 1

Á U D I O T E X T O
Música-tema entra e fica em BG;
Locutor - A Rádio Nacional apresenta
ESTUDIO F,
Momentos Musicais da Funarte
Apresentação de Paulo Cesar Soares (1’25”)
Entra “Meu avô”, fica por 50” cai permanecendo como bg na fala abaixo
https://www.youtube.com/watch?v=1urIue12pRY
Paulo César: Ele é considerado o “Mozart” (Môzar) do violão brasileiro. Na adolescência, já tinha o dedilhar comparável aos de músicos consagrados e não demorou a tocar seu vilão de sete cordas acompanhando nomes como Tom Jobim, Ney Matogrosso, HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Paco_de_LucHYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/João_BoscoClara Nunes, Paco de Lucía e muitos outros. Solista, arranjador, músico de estúdio, grande concertista, transitou pelo choro, flamenco, bossa nova e música clássica. Nosso homenageado deste Estúdio F foi um dos violonistas brasileiros mais requisitados dos anos 80 e 90. Com vocês, Raphael Rabello!


Sobe "HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"Meu avôHYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"",HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho termina como bg do trecho abaixo


Paulo César: Esse foi o choro “Meu avô”, composto por Raphael Rabello em homenagem ao avô materno, HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"José de Queiroz Baptista, grande responsável pelo amor que nosso homengeado teve pela música desde muito cedo. Nessa versão, tocada no Teatro Pedro Segundo, em Ribeirão Preto, “Meu avô” é executada por Luis Cipriano, no violão; João Roberto, no violão de 7 cordas; Alessandro Amaral, no cavaquinho, e Jefferson Roani, na percussão.(2’26”)
Raphael Rabello nasceu em 31 de outubro de 1962, na cidade fluminense de Petrópolis, numa família muito ligada à música. Caçula de nove filhos, quando escolheu a arte como profissão, suas irmãs já faziam parte do métier (metiê): Amélia Rabello era cantora e Luciana Rabello, conhecida pelo dom com as cordas: violões e cavaquinhos.
HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"Quem ensinou a Raphael os primeiros acordes no violão foi seu irmão, Ruy Fabiano, quando tinha apenas sete anos de idade. HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"Contam os mais próximos que Raphael, aos 12 anos, passava horas acompanhando, com o violão de 7 cordas, as melodias dos discos HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho""HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho"Choros imortaisHYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho""HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho", de Altamiro Carrilho, na vitrola de casa. Uma das músicas acompanhadas pelo jovem promissor era o choro “Urubu malandro”, que estamos ouvindoHYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaqui. Não demorou muito para que ele fizesse com desenvoltura os próprios arranjos para grandes obras. (30”)
Entra “Urubu malandro”, em bg no trecho grifado, sobe ao fim da fala do apresentador e fica até o final. (3’03)
http://www.lastfm.com.br/music/Altamiro+Carrilho/Choros+Imortais+N.2#spotify-account-created (Você vai ter que entrar com a conta do facebook para baixar essa música)HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaquinho
Paulo César: Inspiração para Raphael Rabello, Altamiro Carrilho, que acabamos de ouvir, era acompanhado pelo Regional do Canhoto. O violonista do conjunto, Jayme Florence (Florênse), mais conhecido como Meira, foi o instrutor de Baden Powell nos anos quarenta e acabou se tornando professor de Raphael Rabello. Foi ele quem ensinou Raphael a ler partituras e deu uma instrução mais formal ao garoto. Mas a grade influência do menino era ‘Dino 7 cordas’, veterano do grupo ‘Época de Ouro’.
Aliás, foi acompanhando esse grupo que Raphael iniciou sua carreira como profissional, aos 14 anos de idade. Ao lado da irmã Luciana, no cavaquinho; Paulo Alves, no bandolim; Téo, no violão de seis cordas e Mario Florêncio, no pandeiro, formaram o conjunto “Os Carioquinhas”. Nesse período, contam os companheiros de Raphael que ele até chegou a se nomear “Raphael 7 cordas”, tamanha a admiração por Dino. E o veterano músico não poupava Raphael de elogios, dizendo que ele não tinha limitações: nem de agilidade, nem de técnica. Que o jovem, de bom gosto harmônico, era um artista completo. Mas... não se sabe por que motivo, Dino nunca aceitou ser professor de Raphael.
Na vitrola do Estúdio F, agora, o choro “Um a zero”, executado na turnê de 1978 do Projeto Pixinguinha, pelos “Carioquinhas”, com violão do então adolescente Raphael Rabello, que precisava ainda de autorização do Juizado de menores para tocar nas noites, mas que já fazia música como gente grande. (1’30”)
Entra “1X0” e fica até o final. (2’15”)
Apresentador: Aos quinze anos, Raphael Rabello gravou o álbum "Os Carioquinhas", lançado pela Som Livre. Durante as gravações desse disco, conheceu Radamés Gnattali, que veio a ser uma das figuras mais importantes de sua trajetória. Inclusive, dez anos depois, a parceria resultou em um disco em que Raphael gravou composições de Radamés. Juntos, também fizeram uma homenagem ao músico “Aníbal Augusto Sardinha”, o Garoto. Raphael Rabello e Radamés Gnattali, dois gênios da música, tocam agora, a valsa-choro “Desvairada”, gravada no LP “Tributo a Garoto”, lançado em 1984 pela Funarte. (25”)
Entra “Desvairada” como bg trecho grifado acima e fica até o final. (2’59”) https://www.youtube.com/watch?v=SXoTMLUyf4c
Apresentador: Em 1978, o conjunto do qual Raphael Rabello fazia parte, “Os Carioquinhas”, recebeu o violonista Luís Otávio Braga e transformou-se na “Camerata Carioca”. O conjunto, que teria outras formações, foi criado para acompanhar o bandolinista Joel Nascimento na execução da suíte "Retratos", escrita na década de 1950 por Radamés Gnattali.
O nome do conjunto, “Camerata Carioca”, foi dado pelo poeta e produtor Hermínio Bello de Carvalho, que produziu um show e um disco intitulados "Tributo a Jacob do Bandolim", ambos com participação especial do próprio Radamés. Vamos ouvir agora uma das obras primas desse disco: de Jacib do Bandolim, “Vibrações”. (45”)


Entra “Vibrações” como bg trecho do acima e fica até o final.(2’33”)
(Anexa – cortar no tempo indicado)
Apresentador: No próximo bloco, de adolescente promissor a grande estrela: Raphael Rabello estreia como arranjador e músico de estúdio e torna-se o violonista mais requisitado dos anos 80 e 90.(12”)

Locutor: Estamos apresentando Estúdio F,
Momentos Musicais da Funarte. (3”)

OBS: O primeiro bloco tem um total de (20')

I N T E R V A L O

  • Insert Chamada Funarte (23”)
Locutor - Continuamos com Estúdio F
Entra “Minha Missão” e termina como bg do trecho abaixo. 3’22”
https://www.youtube.com/watch?v=MvillPVaqXc
Apresentador: Você ouviu Clara Nunes cantando “Minha Missão”, música de João Nogueira, acompanhada do homenageado deste Estúdio F, Raphael Rabello, em gravação de 1981.
Se aos 14 anos, Raphael Rabello fez seu primeiro registro fonográfico a convite do violonista clássico Turibio Santos, no início dos anos 80 foi Oscar Castro Neves o responsável por Raphael começar a atuar como músico de estúdio. Perfeccionista, famoso por aliar técnica impecável e sensibilidade interpretativa, Raphael realizou mais de quatrocentas gravações com diversos artistas, como Clara Nunes, que acabamos de ouvir.
Além de choros, valsas e polcas, Raphael Rabello gravou sambas com grandes nomes e foi além: desenvolveu um modo ritmado de executar samba para violão que é reproduzido por diversos violonistas hoje em dia.
Como arranjador, fez seu primeiro trabalho no disco do conjunto “Galo Preto”, em 1981, na faixa "Meu tempo de garoto": música de Paulinho da Viola e Cristóvão Bastos. O LP foi considerado pelos críticos do ‘Jornal do Brasil’ e da revista “Playboy” como um dos dez melhores lançamentos instrumentais de 81. (45”)
Entra “Meu tempo de Garoto” como bg do trech e o acima, sobe fica até o final. (4’11”)
Anexa
Apresentador: No ano seguinte à estreia como arranjador, Raphael Rabello gravou o primeiro disco solo, intitulado "Rafael Sete Cordas" e lançado pela Polygram. Além de tocar, ele mesmo fez os arranjos, inclusive para “Praça Sete”, composição de Horondino José da Silva, o tão admirado Dino. Vamos ouvir agora essa homenagem de Raphael ao seu ídolo. (24”)
Entra “Praça Sete” e fica até o final.(1’38”)
Anexa
Apresentador: Como era muito versátil, Raphael acabou tendo em seu repertório Villa-Lobos, Dilermando Reis e outros grandes compositores. Atuou por diversas vezes em duos como com Chiquinho do Acordeom, Paulo Moura e até ‘Dininho’, filho de Dino 7 Cordas. Uma das parcerias de maior sucesso foi o disco gravado com Ney Matogrosso em 1990, "À Flor da Pele". Na música “Autonomia”, de Cartola, Raphael sobe escalas tremulando, alterna andamentos, tornando ainda mais emocionantes as frases de Ney. (15”)
Entra “Autonomia” como bg no trecho acima, sobe e fica até o final. (2’21”)
(começa em 25’59”)

Apresentador: Amélia Rabello, irmã de Raphael, foi a grande intérprete de suas composições, e Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, seus letristas mais recorrentes. No CD “Todas as canções”, lançado em 2011, com produção da outra irmã de Raphael, Luciana Rabello, foram reunidas todas as 18 canções compostas por Raphael. Onze delas, até então inéditas, haviam sido apresentadas apenas em shows. Na sequência: Salmo. (30”)

Entra “Salmo” e fica até o final. (4’56”)


Apresentador: No próximo bloco, o sucesso internacional, a morte prematura e as homenagens de grandes artistas a Raphael Rabello.(12”)

Locutor: Estamos apresentando Estúdio F,
Momentos Musicais da Funarte. (3”)

OBS: O primeiro bloco tem um total de (20')

I N T E R V A L O

  • Insert Chamada Funarte (23”)
Locutor - Continuamos com Estúdio F
Abrir com “Todo sentimento” que fica até o final. (3’03”)
Apresentador: Ouvimos a música “Todo sentimento”, parceria de Chico Buarque e Cristóvão Bastos gravada por Raphael Rabello e Elizeth Cardoso. Um registro que é o maior exemplo de superação de Raphael: foi realizado em 1989, apenas quatro meses depois do violonista sofrer um grave acidente de carro. O disco só foi lançado em 1991, depois da morte de Elizeth.
Raphael iria se apresentar no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, na noite do acidente. A batida não só impediu o show como marcou o início de uma história de muita dor. Raphael teve fraturas múltiplas no braço e, durante a cirurgia, precisou de uma transfusão de sangue. O braço ficou recuperado depois de algum tempo, mas Raphael contraiu o vírus HIV na transfusão. No desespero, recorreu às drogas, em especial à anfetamina, para ter forças de lutar pela tão sonhada carreira internacional. No ano de 1992, Rafael lança os álbuns ‘Dois Irmãos’, com Paulo Moura, e ‘Todos os Tons’, em homenagem a Tom Jobim. Um dos destaques do disco é o ‘Samba do avião’, executada em parceria com outro violonista genial, o espanhol Paco de Lucía. (1’)
Entra Samba do avião como bg trecho acima, sobe e fica até os 15” finais que fica como bg trecho abaixo até o final.
(Cortar em 2’17”)
https://www.youtube.com/watch?v=56YEwtID8To
Apresentador: Fora do país, Raphael se apresentou na Itália, Suíça, Argentina, Chile, México, Portugal, França, Canadá e Estados Unidos e começou a se livrar das drogas. Em 1994, decidiu se estabelecer nos Estados Unidos, onde passou a lecionar em uma escola superior de música, na cidade de Los Angeles. Mas a notícia de que a fundação Cultural Banco do Brasil tinha aprovado a gravação de um disco em homenagem ao compositor Capiba acabou trazendo Raphael de volta ao Brasil, no mesmo ano de 94. O tributo ao ‘Mestre Capiba – por Raphael e seus convidados’ contou com as participações de Chico Buarque, Paulinho da Viola, Caetano Veloso e Alceu Valença, entre outros. O disco só foi lançado em 2002, pela Acari Records, e Raphael já não vivia para ouvir. (40”)


Entra “Resto de Saudade”, fica até 2’15” e termina como bg 2’30”)
https://www.youtube.com/watch?v=q9qA60DFTik

Apresentador: Essa foi “Resto de Saudade”, uma composição de Capiba, interpretada por Raphael Rabello e Gal Costa. Durante a viagem ao Rio de Janeiro para gravação deste álbum, Raphael foi internado para desintoxicação. A AIDS não chegou a se desenvolver e os médicos avaliaram sua saúde como ótima. Nem as drogas, nem a doença levaram Raphael. O músico, de 32 anos, ficou sem ar enquanto dormia, em um episódio de apneia do sono – muito comum na família dele – e não amanheceu naquele 27 de abril de 1995.
Ao longo da carreira, Raphael recebeu diversos troféus, como o Prêmio ABCA, o Prêmio Sarney e por quatro vezes o Prêmio Sharp. Após sua morte, foram gravados dois álbuns em sua homenagem. A Escola Brasileira de Choro, com sede em Brasília, recebeu o nome de Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. Em 1996, o Museu de Imagem e Som do Rio de Janeiro reuniu vários artistas, inclusive o grupo “Os Carioquinhas”, que se reencontrou especialmente para uma semana inteira de homenagens ao violonista. Um talento que começou precoce e também terminou antes do esperado.
Para fechar esse “Estúdio F” com chave de ouro: a música “Obrigado Rapha!”, do disco “Um abraço no Raphael Rabello”, gravado por diversos artistas em 2012, quando o violonista teria completado 50 anos. A composição é de Rogério Caetano e a execução, de Leo Gandelman no saxofone, Marco Pereira no violão e Pretinho da Serrinha na percussão. (1’40”)
Entra “Obrigado Rapha” e fica até o final. 2’30”
Entra música tema do Estúdio F e fica em BG com a narrativa abaixo grifada. (57”)
Apresentador: O programa de hoje foi roteirizado pela pesquisadora e jornalista Aline Veroneze com supervisão de Pedro Paulo Malta. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC – Empresa Brasil de Comunicação. Os programas da série também são uma das atrações do Portal das rtes. O endereço é www.funarte.gov.br. Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da EBC: www.ebc.com.br. Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: estudiof@ebc.com.br


  • Apresentador: Valeu, pessoal! Até a próxima!!!
  • OBS: O terceiro bloco tem um total de (14”)
  • Total aproximado (54')
  • CHAMADA:
  • Apresentador :Ele foi considerado o Mozart (Môzar) do choro, um primor das sete cordas. Arranjador, concertista, grande músico, um dos violonistas mais requisitados nos anos 80 e 90. Um talento, que despontou aos 12 anos de idade e que também se despediu bem cedo. Raphael Rabello é o homenageado do Estúdio F na segunda-feira, às 21 horas, aqui na Rádio Nacional. (20”)


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